domingo, 19 de junho de 2011

Eu estava lá.
Nunca neguei um suspiro se quer.

Acreditava em cada palavra saida dos labios mais lindos que eu ja tinha visto.

Precisava daquele amor que esquentava meus pés gelados no meio da noite.

Como se fosse tudo um jogo de cartas, por sorte seria o vencedor.

Um jogo qualquer.

E meu amor estava la, guardadinho no desenho que eu fiz naquelas noites sem dormir só pensando no seu abraço, sentindo o seu cheiro em mim.

E ao teu sorriso eu me agarrei, esquecia o resto.

E nunca me agradou novelas mexicanas, amores impossiveis e maus resolvidos.

Pois é, o tempo fechou e o teu sorriso eu descartei.

Esqueci toda palavra e fiz o sentir, toda explicação...

Mas eu sei la.. o amor se foi da forma mais covarde.



But let it be!



terça-feira, 7 de junho de 2011

Se desgrudar por inteiro de uma situação. Até quando?
Por quanto tempo...
Eu ignoro essas perguntas e foco na limpeza que me faz bem. Limpa.
Sinto coisas que, alienada, na situação que eu me encontrava, jamais sentiria.
Jamais.
Amor, aos poucos.
Amizades, sobraram e vieram as melhores.
Familia, por mais que tenha coisa aqui ou ali, ficou só as mãos para me empurrar pra cima.

Engraçado pensar nisso agora, praticamente fora da minha antiga e famosa 'bolha'.
Achando fielmente que amava, gostava, estava feliz.
E que felicidade ilusória é essa?
Sorte que fazem parte dos sorrisos congelados do passado. E nada mais que isso.
Agora tudo se tornou real. Inclusive as dores.
Mas oque eu vim pensando sobre tudo isso foi que: droga é realmente uma maravilha, enxer a cara então.. nem se fala, mas somente para pessoas fracas que nao aguentam a realidade da vida.
Sempre vão haver dores, amores e desamores. A vida é assim.
Simplesmente, aceitando a propria realidade, não existe mais 'se encontrar perdido'. Apenas uma reação madura para com todas situações, sem fuga. Sem muletas.

Todos sentimentos misturando-se dentro do corpo, por baixo da pele, entrando na corrente sanguinea. E não tem sensação melhor doque um sentimento verdadeiro. Nem forjado e nem fingido.
Verdadeiro.
E é claro que eu não vou dizer que agora, meus problemas foram solucionados. É muito obvio que isso não é verdade. Mas também é verdade a vontade de viver as coisas pelo bem. E sempre recebendo boas coisas em troca.
Será que de uma bolha eu pulei pra outra?
Eu acredito que não.
Mantenho os pés no chão agora, mais do que nunca.
A cabeça sempre em coisas possiveis. E se não der certo, faz parte da minha vida.
O não. O incerto. O errado.

Faz parte do que sou eu.

sexta-feira, 3 de junho de 2011

A menina entrou na livraria com os olhos curiosos para as prateleiras.
Com um tictac que fazia barulho dentro de sua bolsa, pegou as balas e foi comendo uma a uma enquanto escolhia um livro.
Tinha um ar de inteligente.
Escolhia vários e sentava com as pernas cruzadas em frente a uma mesa.
Descartava.
Separava.
Mas uma coisa em especial chamou a minha atenção. Os olhos brilhantes enquanto passava sobre as linhas parecia confuso, perdido.
Cheguei perto e perguntei - Precisa de ajuda?
Ela disse em bom som - Não, muito obrigada, estou só escolhendo.. um livro que me tire dessa agonia.
Na sua pilha tinham exemplares de Cecilia Meireles, Lygia Fagundes. Apenas mulheres.
Talvez ela tenha percebido como é dificil ser mulher nos tempos atuais. E ver ela buscar uma ajuda assim, em livros, me encantou.
Parecia tão sozinha e feliz com aquela solidão, que para ela.. com ela mesma, nunca ficaria realmente sozinha. E os livros sempre iam a acompanhar.
Quando ela veio até o caixa, reparei que todas mulheres foram descartadas de sua lista de livros. E ela adquiria um livro de Eduardo Galeano - Mulheres. Boa escolha.
Quem melhor pra dizer sobre como foi mais dificil e como aguentavam as mulheres doque ele?
Um livro de 1997, um ano vulgar que começa numa quarta-feira.
Ela simplesmente repetiu para mim um trecho de um dos contos do livro,como se fossêmos amigos:

'Todo o tempo mudas, Flora e Sery, enquanto os soldados lhe perguntavam onde se escondiam os negros fugitivos: elas olhavam o céu sem piscar, perseguindo nuvens maciças como montanhas que andavam lá no alto, à deriva.'

Excelente. Vou levar. Disse com a voz mais doce e satisfeita do dia.
Saiu com o livro na mão direita, para buscar o seu tão esperado conforto. Escrito há alguns anos atras por um escritor uruguaio que denunciava e entendia perfeitamente a opressão e exploração da America Latina para com as mulheres. E não só com elas...